sábado, 6 de novembro de 2021

"APOLITICAR" - Parte 1

A dissociação entre a percepção da realidade da nossa classe política e as reais preocupações do cidadão comum nunca foi, penso, tão grande quanto agora.

 


A crise política vivida em Portugal nestes dias evidencia-o como não recordo vez alguma no passado mais recente.

 Vivemos o maior desafio em décadas, não só a nível nacional, como a nível global. Clamamos (demasiado silenciosamente) por uma real mudança, uma liderança, um plano, um caminho delineado de reconstrução. E o que vemos da parte daqueles que (supostamente) nos dirigem?

 Nas últimas Autárquicas, foi confrangedor ver a fraqueza do jogo político de tantos candidatos. No meu concelho de residência, seria tão fácil pegar em tudo o que o poder vigente fez e não fez nos últimos quatro anos. Apontar caminhos que todo o cidadão com que falo no dia a dia concordaria, aliás, pedia.  No entanto... nada. Os supostos "planos" apresentados por quem desafiava o poder vigente eram confrangedoramente curtos, ou desligados de um real plano de desenvolvimento do município, de combate à corrupção autárquica... ignorando os vários elefantes na sala.

Saltando para a actual situação política, que levou à dissolução da Assembleia: seria tão fácil para PCP e BE justificarem porque, desta vez, não segurariam este Governo, quando apresentava um Orçamento que cedia, pelo menos no papel, a mais reivindicações do que alguma vez havia feito, em cinco anos anteriores... Simplesmente isto: a diferença entre o que é orçamentado, e o que realmente é levado a cabo ao longo do ano seguinte é tão gritante, que agora só aceitariam tal, com acordo escrito. Com uma real garantia de execução do que estava orçamentado. Isso, o cidadão comum perceberia. Só que... não. Argumentos vãos, que o cidadão comum dificilmente entende, usando o Código de Trabalho, ou o Salário Mínimo (num momento em que o tecido das pequenas e médias empresas está tão fragilizado), como argumentos para não apoiarem este Orçamento.

À direita, seria tão fácil deitar abaixo este orçamento, apontando as suas óbvias fraquezas... uma ausência completa de estratégia de crescimento económico, de aposta nas áreas emergentes... Mas pouco ou nada de se ouve nesse sentido. Apenas fait divers sobre diálogos cortados e sound bites de há dois anos atrás... 

O Governo? Um incompetência e corrupção mal disfarçadas, usando "ministros pára raios" para disfarçar tudo o resto... (qualquer aparente alusão a certos e determinados "Cabritas" não é nenhuma coincidência).

O que está para vir é por demais complexo e importante. Uma aplicação real e visionária dos fundos que vamos receber, enquadrados numa sólida estratégia de crescimento económico, é de uma necessidade incontornável. Saibam os nossos intervenientes políticos interpretar isso e agir em conformidade... se assim o fizerem, o cidadão comum saberá vê-lo e irá atrás. Sem uma direção e uma visão clara no que nos espera à frente...? Facilmente desmobilizaremos.

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A dissociação entre a percepção da realidade da nossa classe política e as reais preocupações do cidadão comum nunca foi, penso, tão grande...